sexta-feira, fevereiro 5

‘ECLIPSE’: SANGUE E SEXO ADOLESCENTE NA CONTINUAÇÃO DE ‘CREPUSCULO’

 
Puritano ao extremo, Eclipse, novo volume da série Crepúsculo
se destaca pela boa narrativa.

 Isabella Swan (ou, simplesmente, Bella), para quem ainda não a conhece, é a heroína às avessas da série ‘Crepúsculo’, de autoria da norte-americana Stephenie Meyer que versa sobre um universo onde lobisomens e vampiros são mais do que reais. Podem ser seus melhores amigos, seus amantes, seus namorados ou eventualmente noivos.

 A narrativa de Meyer é intrigante: apesar da pouca profundidade das discussões ou mesmo do enredo, ela consegue vestir de novas cores alguns paradigmas da mitologia como aquele que dita que os vampiros não podem sair à luz do dia. Entretanto, parece missão árdua largar o livro antes de terminar mais uma etapa da saga (sim, são cinco capítulos ao todo).

 Publicado ano passado no Brasil, Eclipse (Intrínseca, 464 págs, R$ 39,90) vem a ser o terceiro episódio da série que tem ocupado o vácuo dos leitores órfãos de Harry Potter. Leitura descompromissada, por puro prazer, nada de refletir sobre o mundo que nos cerca. Aqui, a atmosfera fantasiosa e romântica leva a protagonista Bella Swann a caminhos tortuosos e a escolhas difíceis no que poderia ser um enredo simples, que trata de escolhas. Muitas delas. Seja um melhor amigo, uma condição (humana ou não-humana), a sua própria sexualidade (ser ou não apenas mais uma virgem) e assim sucessivamente. É bom lembrar que a saga soa puritanista ao extremo ao pregar a preservação da virgindade.

 É neste enredo de diversas opções que são oferecidas ou impostas à Bella que acredito que a trama tenha se comprometido: não soa razoável deixar a personagem principal confusa em relação a seus sentimentos por Edward Cullen, único motivo que dá sustentação real à série. Em relação a Jacob Black – fiel amigo de Bella e que suportou sua dor ao ser abandonada pelo vampiro no segundo livro da série, Lua Nova – Meyer o transforma em um adulto rápido demais. E neste contexto ele se torna um adulto viril, sexy, sensual e praticamente irresistível, assim como ela pinta o próprio Cullen. 

  Ao evocar os personagens principais de ‘O Morro dos Ventos Uivantes’ em diversos trechos de Eclipse, fica cada vez mais nítida a veia romântica e exagerada da autora. O ser e não ser. O querer e não ter. O ter e não usufruir. Os dilemas da impossibilidade de concretização dos grandes amores, no melhor estilo folhetinesco que se poderia imprimir em pleno Século 21. Para os amantes da série, recomenda-se: leiam com cautela. Algumas situações embaraçosas pelas quais Bella passa não fazem sequer sentido. Aos que não se iniciaram ainda nestas searas, recomendamos a trilogia Fronteiras do Universo, de Phillip Pullmann, esta sim, sem meias conversas e direta ao ponto em todas as perspectivas: amizade, religião, família e, sobretudo, sexo.

 

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