segunda-feira, abril 26

Especial Alice: Entrevista com o Chapeleiro Louco.

 Que Tim Burton que nada. Esqueçam Johnny Deep e sua peruca cor-de-laranja. Eu conversei com o próprio personagem que pulou de coadjuvante para protagonista de uma das histórias mais comentadas de todos os tempos.
 Chapeleiro Nós do W.C da mais remota cabine do lado direito no final do corredor, conseguimos uma entrevista exclusiva com o maluco dos malucos, ele que antes estava meio cabisbaixo mas agora encontrou sua “Muitesa”, nosso amigo chapeleiro!
Este elegante inglês, que não abre mão do seu paletó tweed e vive às birras com a realeza contou um pouco do que pensa sobre literatura, cinema, matemática e chá.

Inico da entrevista:
  
Toaleteiro: "Estamos aqui com ele hoje, ele que não é a madame Soffier mas adora toma um cházinho. Chapeleiro louco!
-Olá. Muito obrigado por me ceder um pouco do seu preciso tempo…
Louco: -Não. Nada disso. Vou dar uma entrevista. Meu tempo é meu. Prefiro que continue assim.

Toaleteiro: -Ok. Ok. Desculpe, mas não sei como me refiro a você. Posso te chamar de Chapeleiro.

Muito gentil e um pouco atrapalhado, ele foi logo me servindo chá enquanto sentávamos em uma comprida mesa no jardim.

Louco: -Prefiro Louco. É mais elegante.

Toaleteiro: -Se todos no País das Maravilhas são loucos. Porque só você acha que pode tomar a palavra para si?
Louco: -Não quero tomar palavras. Prefiro chá.
  
Toaleteiro: -Gostei do assunto. Vou insistir. Dizem na época do seu nascimento um certo vapor causava loucura aos fabricantes de chapéu. Por isso, era comum a expressão ‘Louco como um chapeleiro’ … E daí surgiu seu nome.
Louco: -Que sorte a minha. Imagine se a expressão fosse: ‘feio como um chapeleiro…

Toaleteiro: - …seu nome seria Chapeleiro Feio.
Louco: -Feio é você.

Toaleteiro: -O quê?
Louco: –O quê, oquê?

Toaleteiro: –O quê você falou?
Louco: –O que você me chamou… Feio!

Toaleteiro: -Não eu não disse isso.
Louco: -Claro que não disse. Foi eu quem disse.

Toaleteiro: Ok. Outra pergunta… Ouvi dizer que você está perpetuamente na hora do chá, porque você discutiu com o Tempo. O Tempo se vingou e manteve o dia permanentemente na hora do chá.
Louco: -Não é tão ruim. Podia ser a hora do banho.

Toaleteiro: -Você não gosta de tomar banho?
Louco: -Eu já disse. Prefiro chá. Você é surdo?

Toaleteiro: -Surdo e feio. Obrigado pelos adjetivos.
Louco: -Não tem de quê.

Toaleteiro: -Ok. Vamos falar sobre a história de Alice. Quem inicia a aventura, quando Alice o segue até a toca. Você não se sente inferiorizado pelo autor. Será que o coelho branco é o preferido de Lewis Carroll?
Louco: -Se o coelho fosse importante, Johnny Deep interpretaria ele.

Toaleteiro: -Talvez um ator tão requisitado não quisesse usar orelhas.
Louco: -Ah! E você acha que ele preferiu ficar parecido com a Rita Lee?
rita-lee

Toaleteiro:-Rsrsrsrsrsrs.Ok, concordo com você.
Louco: -Concorda?

Toaleteiro: -Sim.
Louco: -Então, retiro o que eu disse.

Toaleteiro: -Como assim?
Louco: -Não gosto que concordem comigo. Temos que ter opiniões distintas. A minha opinião é minha. E ninguém tasca. Quer outra xícara?

Toaleteiro: -Não obrigado. A minha ainda está cheia. A conversa está tão animada que esqueci de beber.
Louco: -Psiiiiiiu.

Toaleteiro: -O que foi?
Louco: -Silêncio. Vamos deixar a conversa desanimar. Assim você pode beber.
Durante alguns minutos constrangedores, o silêncio se fez na mesa. Tive que esperar o entrevistado autorizar a próxima pergunta, olhando para o relógio e pedindo pressa.

Louco: -Vamos às perguntas. Seja rápido. Tenho um compromisso muito importante.

Toaleteiro: - É mesmo?
Louco: -Sim. Preciso ferver água para o chá. As perguntas, as perguntas…
Me atrapalhei um pouco até desenvolver outra vez uma linha de raciocínio.

toaleteiro: -Tudo bem… Muito se fala em lógica do absurdo na historia de Lewis Carroll. O fato do escritor ser um matemático influencia esta análise?
Louco: -Bom, o livro pode ser interpretado de várias maneiras. Uma das interpretações diz que a história representa uma entrada súbita e inesperada na vida adulta. É um livro cheio de raciocínios próprios da ciência matemática, como um conceito geral de abstração que ocorre frequentemente em diversos âmbitos da ciência; um exemplo da utilização deste raciocínio na matemática é a substituição de variáveis. Além disso, o gosto – duvidoso, eu diria – por trocadilhos ao longo da obra, provavelmente é influenciado por essa uma lógica exata. Os fatos se concatenam. E a hipotenusa é perpendicular À uma óbvia razão inexplicável lógica.

Toaleteiro: -Oi?
Louco: -Oi. Tudo bem. Aceita um chá?

Toaleteiro: -Não. Não é isso. Eu não entendi nada do que você falou.
Louco: - Você é burro…
De repente me vi alterado. Me pus em pé e dei um soco na mesa.

Toaleteiro: -...e feio, e surdo e o que mais?
Louco: - Não se julgue desta forma. Está precisando se acalmar.

Toaleteiro: -É mesmo? E tem alguma ideia para isso?
Louco: -Beba seu chá.

Em silêncio, sentei e comecei a digitar este post.

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