segunda-feira, janeiro 25

Amor sem escalas, critication!

Jason Reitman obteve destaque logo em seu primeiro longametragem, Obrigado por Fumar. No trabalho seguinte, Juno, foi indicado ao Oscar como diretor. Seus dois filmes já lançados e Amor Sem Escalas, péssimo título nacional, posuem algo em comum: a preocupação com o roteiro, em desenvolver o tema analisando-o com o mundo que o cerca. Aqui Reitman quer apresentar um pouco do mundo moderno, em especial como ele afeta as relações humanas. Tudo através do ponto de vista de Ryan Bingham, interpretado com desenvoltura por George Clooney.
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Bingham é daqueles solitários por opção. O trabalho faz com que percorra o país inúmeras vezes, mais permanecendo em aeroportos e hotéis do que em sua própria casa. Não há problema, ele gosta disto. Fincar raízes é seu grande temor. Uma consequência direta do duro emprego que possui, o de avisar as pessoas que estão demitidas. Toda a raiva, frustração e peso emocional decorrentes são despejados em seu colo. Bingham sempre tenta reverter a situação de forma a mostrar que esta é uma oportunidade que se abre. Mera estratégia de trabalho, claro, mas por ele conduzida de forma a "tornar o limbo tolerável", como o próprio afirma.
Esta rotina muda quando duas mulheres surgem em sua vida: a esfuziante e irresistível Alex (Vera Farmiga) e a convencida e genial Natalie (Anna Kendrick). A segunda devido à revolução que prenuncia, com a proposta de que as demissões ocorram através de videoconferência ao invés de pessoalmente. Algo completamente insano para Bingham, por tornar desumana uma situação que já é difícil por natureza. Natalie é então encarregada a acompanhá-lo em suas viagens, para conhecer de perto a situação. O resultado é devastador, emocionalmente falando.

O mundo moderno tem sido pródigo em afastar as pessoas, sob a desculpa da tecnologia. Ou melhor, afastar sob determinado ponto de vista. A internet e suas inúmeras ferramentas sociais serviram para aproximar pessoas dos mais diversos recantos, mas também diminuíram o contato real, o velho tête-à-tête. Hoje é mais "fácil" conversar via MSN e afins do que encarar pessoalmente alguém e estar sujeito às reações alheias. É mais seguro também. Só que até que ponto este tipo de comportamento afeta a sociedade em geral?

A resposta está, parcialmente, em Amor Sem Escalas. A proposta apresentada por Natalie nada mais é do que consequência direta desta mudança de comportamento, onde a emoção humana é relegada a segundo plano. Uma outra faceta desta quase obsessão em minimizar o impacto emocional nas pessoas está no próprio Ryan Bingham. Uma pessoa satisfeita com sua vida, que até mesmo elaborou uma filosofia própria que renega qualquer tipo de relacionamento. Só que Bingham é humano. E seres humanos, por mais que lutem contra ou enganem a si próprios, precisam de companhia.

É neste ponto que Alex entra na história. Ela é uma espécie de alter ego de Bingham, a pessoa perfeita com quem se relacionar. Mesmos interesses, mesmas ambições, mesma agenda corrida de trabalho. Só que, como é comum nos relacionamentos, logo se quer mais. Esta necessidade é uma surpresa para Bingham. A pergunta "nos momentos mais importantes de sua vida, você está sozinho?" logo é aplicada a ele próprio. A resposta é uma mudança brusca, no sentido filosófico de existência. Ryan Bingham jamais será o mesmo, por ser impossível retornar ao estágio anterior quando se conhece o outro lado.

Amor Sem Escalas é um filme sobre a solidão. Sobre ser solitário por opção, sobre saber lidar com o estar sozinho, sobre as dificuldades de relacionamento nos dias atuais, sobre o impacto emocional que imprevistos provocam, sobre o que esperar da vida, sobre não conseguir suportar a vida em casal e ao mesmo tempo sentir falta de algo por estar sozinho. Ou seja, sobre viver. Muito bom.

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